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A única grande estrela do fado nesse período foi o jovem cantor Carlos do Carmo (1939 -), cuja personalidade e criatividade desempenharam um papel enorme na preservação do género. Na década de 1990, Lisboa voltou a mostrar interesse pelo fado. Além disso, este interesse não foi artificialmente plantado, como foi durante o tempo de Salazar, mas veio, como se costuma dizer, “do fundo”, da parte menos esperada da sociedade. A juventude portuguesa começou a cantar fado. Foi assim que o famoso fadista Ricardo Ribeiro explicou o fenómeno: “Fomos a primeira geração de portugueses nascidos após a Revolução dos Cravos. Tudo que nós sabíamos dos tempos sombrios foi o que os nossos pais nos disseram. E para nós, que já crescemos noutro país, a música americana não era tão atraente e o fado não era tão politicamente tingido como era para a geração dos nossos pais. Foi um regresso natural às nossas raízes. Tão natural como o regresso de um marinheiro à sua terra natal.”

Este renascimento é conhecido como ‘fado novo’ e é o género de eleição para uma nova geração de músicos talentosos. Desde o início dos anos 90 que o Fado tem vivido um renascimento. Desde então, uma nova geração de fadistas portugueses cresceu. A nova onda de fado chama-se “Fado Novo”. Em 2012, o fadista e investigador Rui Martins Ferreira publicou um livro: “Fadistas no século XXI. Fado Revisitado em Biografias Várias”.

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Apesar de ser uma canção antiga, o fado está constantemente a ter novas expressões e intérpretes, está constantemente a renovar e a conquistar novos públicos com um som mais contemporâneo e reconhecido além-fronteiras. Emergindo na década de 90, a nova geração do fado engrandeceu os sons tradicionais e aproximou-o de outros públicos, introduzindo outros instrumentos musicais e novas variantes, tornando-o mais suave e, eventualmente, mais harmónico. O chamado “fado novo”, catapultou o género, abrindo um espaço para experiências ousadas com repertório, instrumentação e formas de cantar. Referimo-nos a nomes bem conhecidos como Camané, Mísia, Paulo Bragança como pioneiros do Novo Fado. Mariza, uma voz intensa, é a mais aclamada e reconhecida internacionalmente. Fora de Portugal a mais evidente dos últimos tempos é Ana Moura, cujo contralto suave chamou a atenção dos Rolling Stones e Prince.
Com a virada do século, a identidade renovada do fado conquistou um lugar de prestígio que atrai cada vez mais jovens artistas. Há uma longa lista de novos cantores que surpreendem com a sua abordagem a esta canção tradicional, mas Carminho é a voz que se tem destacado. Espera-se que Carminho siga Mariza como a grande revelação do fado contemporâneo. Nascida numa família amante do fado, Carminho cresceu a cantar e teve o seu primeiro álbum editado aos 25 anos. O título, simplesmente “Fado”, foi lançado em 2009 e rapidamente subiu ao topo das vendas nacionais. O país chegou a conhecer esta fantástica voz que em 2005 já tinha sido reconhecida como a grande revelação feminina do fado, tendo sido premiada com o Prémio Amália. Este prémio tem o nome da maior cantora de fado de todos os tempos, Amália Rodrigues, e distingue anualmente quem contribui mais ou sobressai no universo do Fado. Além de Carminho, outros novos intérpretes foram colocados em foco por estes Prémios Amália, como é o caso de Raquel Tavares e de Marco Rodrigues.

Mas se as novas vozes femininas têm recebido repetidos elogios, os homens também revelam novas dimensões desta canção urbana de Lisboa. O maior exemplo vem de uma família de cantores com fortes tradições, os Moutinho, cujo rosto mais popular é o famoso Camané. Não esquecendo, os irmãos Helder e Pedro que desde o início abraçaram a música e dedicaram as suas almas ao Fado. Ambos conquistaram as críticas nacionais e internacionais, bem como sucessivos prémios, tendo editado vários álbuns ao longo dos últimos anos.
Outra conquista desta nova geração chamou a atenção de Caetano Veloso. Depois de ouvir o álbum “Outro Sentido”,”, de António Zambujo, o popular músico brasileiro atribuiu grandes elogios a este jovem fadista, que vem do Alentejo. Nesta região, conhecida por outras canções, nasceu também outro intérprete conhecido por Duarte. Psicólogo, decidiu dedicar-se exclusivamente à música, uma paixão que sempre o acompanhou e que agora leva para palcos nacionais e internacionais.
Há, sem dúvida, outros grandes nomes neste novo ciclo do fado de Lisboa, onde são sobretudo as mulheres que seduzem com as suas vozes quentes, enquanto fecham os olhos e transbordam de emoção. Há que fazer referência a gravações e espetáculos ao vivo de Aldina Duarte, Cristina Branco, Joana Amendoeira, Katia Guerreiro, Ricardo Ribeiro, Gisela João, Sara Correia, Filipa Cardoso e muitos outros nomes femininos e masculinos devem ser adicionados à lista de quem tem vindo a elevar o fado a um novo nível, mais universal e sempre fascinante.